TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO (TEA)

O que é?

O Transtorno do Espectro do Autismo, ou TEA, é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades na interação social, comunicação e comportamentos repetitivos ou restritos.

As pessoas com TEA podem apresentar uma ampla variedade de sintomas e níveis de gravidade, por isso o termo “espectro” é utilizado. Alguns indivíduos podem ter dificuldades significativas na comunicação verbal e não verbal, enquanto outros podem ter uma linguagem fluente, mas dificuldades na compreensão de nuances sociais. Além disso, o TEA pode estar associado a outras condições, como deficiência intelectual, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) ou dificuldades de aprendizagem.

As características comuns do TEA incluem

As pessoas com TEA podem ter dificuldade em estabelecer e manter relacionamentos interpessoais. Podem apresentar dificuldade em entender e responder às emoções dos outros, ter dificuldade em fazer amigos e preferir atividades solitárias.

Pode haver atrasos no desenvolvimento da linguagem, dificuldade em iniciar e manter uma conversa, uso repetitivo de palavras ou frases, dificuldade em entender o sarcasmo ou o humor e preferência por comunicação não verbal.

As pessoas com TEA podem ter padrões rígidos e repetitivos de comportamento, interesses restritos e fixação em determinados assuntos. Podem ter comportamentos estereotipados, como balançar o corpo, movimentos repetitivos das mãos ou fixação em objetos específicos.

Quais os sintomas do Espectro do Autismo?

O CID-11, ou Classificação Internacional de Doenças, é uma classificação médica desenvolvida pela Organização Mundial da Saúde (OMS). 

De acordo com o CID-11, os critérios diagnósticos para o TEA incluem:

Isso pode incluir dificuldades em iniciar ou manter conversas, compartilhar interesses ou emoções, ou compreender e responder às interações sociais.

 Isso pode incluir comportamentos repetitivos ou estereotipados, fixação em rotinas ou rituais, interesses intensos e restritos em determinados assuntos, ou hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais.

e afetar o funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes da vida.

 

ou explicados apenas por deficiência intelectual global ou atraso global do desenvolvimento.

Quais as causas do transtorno do Espectro do Autismo?

Na maioria dos casos de TEA não é possível definir uma etiologia clara. A relação da influência dos fatores genéticos e ambientais sobre o risco do TEA ainda está em discussão, contudo todos os estudos epidemiológicos e genéticos apontam para uma forte contribuição genética.  Diferentes alterações em diferentes genes atuam juntos seguindo um modelo poligênico ou somados a fatores ambientais, seguindo o modelo multifatorial. 

Como é feito o diagnóstico do transtorno do Espectro do Autismo?

O diagnóstico de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) envolve várias etapas, que podem incluir:

O profissional de saúde realizará uma entrevista detalhada com os pais ou cuidadores para obter informações sobre o desenvolvimento da criança, comportamentos observados e histórico médico. Essa avaliação inicial também pode incluir questionários padronizados para avaliar sintomas relacionados ao TEA.

O profissional pode realizar observações diretas da criança em diferentes contextos, como em casa, na escola ou em consultório. Essas observações ajudam a identificar comportamentos característicos do TEA, como dificuldades na interação social, comunicação e padrões repetitivos de comportamento.

O profissional irá avaliar o desenvolvimento da criança em várias áreas, como linguagem, habilidades motoras, habilidades sociais e comportamentais. Testes padronizados podem ser usados para avaliar o nível de desenvolvimento e identificar possíveis atrasos ou diferenças significativas.

O profissional pode utilizar questionários ou escalas de avaliação para analisar as habilidades sociais e de comunicação da criança. Essas avaliações ajudam a identificar dificuldades específicas e determinar se os critérios para o diagnóstico de TEA são atendidos.

Em alguns casos, pode ser necessário envolver uma equipe multidisciplinar de profissionais de saúde, como terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e psicólogos, para realizar avaliações mais abrangentes em diferentes áreas de funcionamento.

Quais as pessoas tem maior chance de desenvolver o Espectro do Autismo?

Existem alguns fatores de risco que podem aumentar a probabilidade de uma pessoa desenvolver o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). No entanto, é importante ressaltar que ter um ou mais fatores de risco não significa necessariamente que uma pessoa irá desenvolver autismo. Alguns dos principais fatores de risco incluem:

Ter parentes de primeiro grau com TEA aumenta o risco de uma pessoa desenvolver o transtorno. Estudos mostraram que existem certas alterações genéticas associadas ao autismo, e a herança genética pode desempenhar um papel importante no desenvolvimento do TEA.

Algumas pesquisas sugerem que a idade dos pais no momento da concepção pode influenciar o risco de autismo. Pais mais velhos, tanto a mãe quanto o pai, podem ter um risco ligeiramente maior de ter um filho com TEA.

Certas complicações durante a gravidez ou o parto podem estar associadas a um maior risco de autismo. Estes podem incluir prematuridade, baixo peso ao nascer, infecções maternas durante a gravidez, entre outros.

Alguns estudos sugerem que a exposição a certas substâncias tóxicas durante a gravidez, como metais pesados ​​ou produtos químicos, uso de ácido valproico pode aumentar o risco de autismo. No entanto, a relação exata entre a exposição a essas substâncias e o desenvolvimento do TEA ainda não está completamente esclarecida.

É importante ressaltar que esses fatores de risco não são determinantes e nem todas as pessoas com esses fatores desenvolverão autismo. Além disso, o autismo é uma condição complexa e pode ser influenciado por uma combinação de fatores genéticos, ambientais e neurobiológicos.

O diagnóstico de autismo é clínico e baseado na observação dos sintomas e comportamentos característicos do TEA.

 

Quais os tratamentos possíveis para o Espectro do Autismo?

Uma pessoa com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) pode levar uma vida plena e funcional se receber o tratamento adequado. Aqui estão algumas maneiras em que o plano individual de tratamento pode ajudar:

 

Quanto mais cedo o diagnóstico for feito e a intervenção for iniciada, melhores serão os resultados. A terapia comportamental intensiva é frequentemente recomendada para crianças com TEA, pois ajuda a desenvolver habilidades sociais, de comunicação e cognitivas.

A terapia comportamental, como a Análise do Comportamento Aplicada (ABA), é uma abordagem comumente usada para tratar o TEA. Ela se concentra em ensinar habilidades sociais, de comunicação e autocuidado, além de reduzir comportamentos disfuncionais/disruptivos.

Muitas pessoas com TEA têm dificuldades na comunicação verbal. A terapia da fala e linguagem com o fonoaudiólogo pode ajudar a melhorar a linguagem expressiva e receptiva, bem como aprimorar habilidades de comunicação não verbal.

A terapia ocupacional ajuda a desenvolver habilidades motoras, sensoriais e de autocuidado. Isso pode incluir atividades para melhorar a coordenação motora, o processamento sensorial e a independência nas atividades diárias.

 

Muitas crianças com TEA se beneficiam de um ambiente educacional que oferece suporte às suas necessidades individuais. Programas de educação especializada, através do plano individual de educação,  podem fornecer estratégias e recursos adaptados para promover o aprendizado e a inclusão.

 

O apoio da família desempenha um papel crucial no tratamento do TEA. A família pode buscar informações, participar de treinamentos, estabelecer rotinas consistentes e fornecer suporte emocional.

É importante lembrar que cada pessoa com TEA é única e pode responder de maneira diferente ao tratamento. O acompanhamento médico regular e a colaboração com uma equipe multidisciplinar de profissionais de saúde são fundamentais para garantir o melhor suporte possível.

Quais os benefícios do tratamento do Espectro do Autismo?

Melhoria na qualidade de vida: O tratamento pode auxiliar a pessoa com autismo a desenvolver habilidades sociais, emocionais e de comunicação, melhorando sua interação com os outros e sua capacidade de se adaptar a diferentes situações.

  • Intervenções específicas, como terapias comportamentais e da fala, podem ajudar a pessoa com autismo a desenvolver habilidades sociais e de comunicação mais eficazes, facilitando a interação com os outros e reduzindo o isolamento social.
  • O tratamento pode ajudar a reduzir comportamentos desafiadores ou repetitivos associados ao autismo, melhorando o funcionamento diário e aumentando a autonomia.
  • Intervenções educacionais específicas e adaptadas às necessidades da pessoa com autismo podem melhorar seu desempenho escolar e promover o aprendizado em diferentes áreas.
  • O tratamento pode capacitar a pessoa com autismo a desenvolver habilidades de autocuidado, autonomia e habilidades de vida diária, aumentando sua independência e autoconfiança.
  • O tratamento pode auxiliar a pessoa com autismo a se integrar melhor na comunidade e a participar de atividades sociais e recreativas, promovendo sua inclusão e participação na sociedade.
  • O tratamento pode proporcionar orientação e suporte para a família da pessoa com autismo, ajudando-os a entender melhor a condição e a lidar com os desafios associados, promovendo relacionamentos mais saudáveis e harmoniosos na família.

Dra. Larissa Delgado

Neurologista

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